Para
os supersticiosos, existem coisas que representam sorte, como trevos
de quatro folhas e ferraduras. Há também atos negativos, como
quebrar um espelho, ou passar em baixo de uma escada, onde alguns
anos de azar serão computados na lista da vida. Não sei se acredito
nessas coisas, e decido que ele não está aqui comigo pelo simples
fato de que eu não sou sortuda. Ou porque derrubei o saleiro. Não
sei se me contento sem poder ter os abraços dele, ou se espero por
um sinal divino. Ou uma espécie de bom karma aconteça.
Eu
estava fazendo nada além de escutar Taylor Swift e desejar que ele
ficasse comigo. Era quase uma rotina. Ler uns livros, estudar, comer,
olhar o tempo deplorável no noticiário, e, entre a hora que eu
olhava o bate papo dele e me praguejava por não ter tomado banho
mais cedo naquele mesmo dia, ele aparecia em minha mente. Então eu
jantava, escovava os dentes, tomava água por não gostar do gosto da
pasta de dente em minha boca, pensava nele e pegava uma roupa
adequada para dormir. Tomava um banho, me vestia, deitava na cama,
pensava nele e adormecia com um sorriso bobo nos lábios. Entre um
ato e o outro, porém, parei e fui até a janela. Estava chovendo, e
os carros passavam bem mais devagar que de costume. Pessoas
caminhavam pelas ruas como se competissem por quem está vestindo a
maior quantidade de peças de roupa e eu estava ali, as observando
com uma xícara de chá quente. Meus dedos, antes adormecidos,
tentavam se aquecer, e tornando a vida. Olhei para o céu escuro,
onde algumas estrelas tímidas apareciam e, então, como em um
daqueles momentos que você sabe que não é por coincidência, eu vi
uma estrela cadente. Eu entendia que alguns apaixonados pelo mistério
atribuíam aquilo a um momento de sorte, então eu, como boba humana,
fechei os olhos e suspirei. Ele era o meu desejo.
"Eu
desejo que ele pense em mim. Agora, nesse momento, onde quer que ele
esteja, quero que ele lembre de meu nome,de meu rosto, e de como eu
insisti nele. Pense que ninguém mais o ama como eu o amo, e que seu
maior erro foi não notar que a pessoa mais perto do certo pra ele,
sou eu. A garota confusa, como meus amigos resolveram me chamar. Eu
desejo que ele pense em mim, e que volte para o meu caminho ".
Abri
os olhos e tomei mais um gole do líquido quente. Quase queimei minha
língua quando, em um segundo virar de xícara, meu telefone tocou.
Era uma mensagem. Meu coração disparou e eu larguei a xícara na
mesa de centro. Minhas meias coloridas de dedinhos quase
escorregaram no chão e eu fui até o confortável sofá cinza: meu
celular está lá; um objeto inanimado que não sabe a importância
que está carregando.
"você usou 100% do pacote e sua velocidade foi reduzida.Responda SIM e veja as opções de pacote de internet para continuar navegando com velocidade!"
Certo. Não há sorte, e nem existe gênio que sai de uma lâmpada
mágica e realiza três pedidos. Meu chá ia ficando gelado, e, se eu
quisesse que ele me abraçasse teria de sair para pegar um táxi e
ir até sua casa. Estaria fazendo papel de tola, e, se algum amigo
dele estivesse lá, eu diria que foi só um devaneio da madrugada, e
daria as costas outra vez. Naquele dia, porém, seria por minha
decisão.
Não
existem finais felizes, mas aquela estrela cadente me fez notar uma
coisa: eu precisava rir. Aquela mensagem da operadora me fez rir de
ironia, mas me fez rir. E era aquilo que eu precisava. Ele não me
quer, e eu ainda não sei se acredito em superstições, mas a vida
não é feita de certezas, é? Não. Ela é feita de estrelas
cadentes que não fazem seu trabalho, e de pessoas que as culpam por
seus fracassos.
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Obrigada por ler *-*